A importância do compromisso no voluntariado com a Terceira Idade – Opinião de Patrícia Alves 

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O voluntariado com a terceira idade desempenha um papel fundamental na comunidade, não só pelo apoio que pretende oferecer a esta população, mas também pelo facto de promover um sentido de propósito e pertença tanto para os voluntários como para os beneficiários. Há uma série de fatores que devem ser tidos em consideração na realização do voluntariado, sendo que o compromisso surge como um dos fatores mais relevantes para o sucesso do mesmo.

Os idosos envolvidos em programas de voluntariado, podem encontrar nos voluntários companhia, apoio emocional e ajuda em tarefas diárias. Há a expectativa de criação de vínculo com os voluntários, o que permite que os idosos se sintam valorizados e respeitados.  A regularidade e a consistência do voluntariado são fundamentais, pois por vezes este público-alvo enfrenta isolamento social e é importante que encontrem interações que lhes proporcionem estabilidade e confiança.

O compromisso no voluntariado com a terceira idade é fundamental para estabelecer e manter essas expectativas. Klein e Cooper (2009) destacam que o compromisso pode ser entendido como um vínculo psicológico entre o voluntário e o beneficiário. Para Allen e Meyers (1990), o compromisso organizacional abrange três estados mentais: afetivo, normativo e instrumental. No contexto do voluntariado, o compromisso afetivo — caracterizado por uma ligação emocional com a organização e os beneficiários — é especialmente relevante. Este tipo de compromisso ajuda a reduzir a rotatividade e o absentismo dos voluntários, melhorando o bem-estar psicológico dos voluntários e beneficiários.

Quando os voluntários falham na capacidade de manter o seu compromisso, as consequências podem ser profundas. Para os idosos, isso pode significar uma quebra de confiança, aumento do sentimento de isolamento, aumento do sentimento de abandono e deterioração da saúde mental. Para as organizações, a falta de compromisso pode resultar em dificuldades na gestão dos voluntários e planeamento de atividades, afetando a eficácia dos programas e a satisfação dos beneficiários.

Um voluntariado regular e comprometido traz inúmeros benefícios.

Para os idosos, a presença constante de voluntários pode melhorar a saúde mental, reduzir o isolamento social e aumentar a qualidade de vida. Além do suporte emocional e social, a interação regular com voluntários pode estimular a mente, proporcionar novas experiências e contribuir para a manutenção da autonomia.

Do ponto de vista dos voluntários, Boezeman e Ellemers (2008) mostraram que o orgulho e o respeito dos voluntários relativamente à organização são preditores importantes do seu compromisso organizacional. Voluntários que sentem que seu trabalho é valorizado e que a organização os respeita tendem a ser mais comprometidos e a permanecer mais tempo ligados à organização. Por outro lado, o voluntariado permite aos indivíduos experienciar uma vida com significado, promovendo um sentido de pertença essencial para o seu bem-estar.

O compromisso no voluntariado com a terceira idade é crucial para garantir que os mais velhos se sentem acarinhados e desafiados pela comunidade envolvente, recebendo apoio significativo consistente. A regularidade no voluntariado melhora a qualidade de vida dos idosos, proporcionando-lhes estabilidade e uma rede de suporte. Por outro lado, os voluntários encontram significado e propósito nas suas ações, o que reforça o seu bem-estar.

Para as organizações, investir em práticas que fomentem o compromisso pode resultar num voluntariado mais eficaz e satisfatório para todos os envolvidos. Reforçar o vínculo entre voluntários e beneficiários, demonstrar respeito e valorizar o trabalho realizado são passos fundamentais para o sucesso dos programas de voluntariado. Promover o sentido de compromisso nos voluntários é essencial para a continuidade e impacto positivo das iniciativas de apoio à terceira idade.

Artigo escrito por Patrícia Alves, docente e amiga da Associação de Solidariedade Social de Santa Cristina de Malta (SANCRIS)