Agora… A música é outra

0
2677

Foi tudo muito bonito com o Varzim a bater o pé a dois grandes do futebol lusitano, na chamada “Prova-Rainha”, ficando para a história o afastamento do Sporting (no campo neutro de Barcelos) e o sofrimento a que foi obrigado o Benfica para levar de vencida a equipa poveira por 2-0. Sofrimento de mistura com umas certas ajudas vindas de fora das duas equipas em campo, pois os lamentos da falta de assinalar duas grandes penalidades a favor dos varzinistas não partiram apenas das hostes locais, dado que até os grandes críticos nos grandes meios da comunicação social, afirmaram a pés juntos que houve injustiça praticada sobre o Varzim.

Agora, depois do facto consumado, nada mais há a fazer porque o que conta é o resultado final e esse foi favorável ao Benfica, com um golo madrugador e outro já perto do final do jogo. Pelo meio ficou a excelente réplica dos Lobos do Mar que justificaram bem esse “cognome”, a condizer com a excelente mole humana a emoldurar os quatro setores dos Estádio do Varzim que registou um número de adeptos jamais visto desde tempos imemoriais, quando o futebol poveiro andava na alta roda nacional. Os números oficiais apontam para 6.700 almas que aguentaram forte sofrimento – por parte do Varzim a ver a injustiça do resultado a manter-se até final (entre outras injustiças) e pelo lado benfiquista de “coração nas mãos” sujeito a maus tratos, ante o inconformismo varzinista. Se retirarmos um milhar de adeptos “encarnados” a encherem o sector sul e um pouco do lado sulista na bancada nascente, pode dizer-se que o Varzim viu-se envolvido de muito mais de cinco milhares de adeptos, no apoio constante à equipa que correspondia o melhor que podia, sem se notar a grande diferença que existe entre um candidato a Campeão Nacional e um candidato à subida de divisão que o faça catapultar, dentro dos prazos mais curtos possíveis, ao tão ansiado regresso ao futebol profissional. O exemplo da falta de apoio não faz parte da bagagem varzinista, como tem sido justificado ao longo do “seu” Campeonato e ganhou foros de excelência no jogo com o Benfica.

Agora, há que voltar à realidade, ao Campeonato da Liga 3 que é o único foco projetado na tela poveira. Para já a equipa varzinista está no melhor caminho, ocupando o 2.º lugar da série A, com 28 pontos somados em 14 jornadas. Faltam ainda oito jornadas para ficar completa a primeira fase do Campeonato, portanto ainda há 24 pontos para disputar. Mas se olharmos para a tabela classificativa constata-se que o Varzim leva 10 pontos de avanço do 5.º classificado, numa luta pelos quatro lugares cimeiros que dão direito à passagem para segunda e decisiva fase onde também entram as quatro equipas da série B (zona sul). É certo que a zona nortenha é considerada a mais dura, ainda para mais com os varzinistas a lutarem contra o capital austríaco do Lank Vilaverdense que se tem cotado como adversário de maior valor no comando classificativo. Mas lá diziam os nossos antepassados que “no final é que se contam os polvos” e essa contagem para já está no bom caminho, quer em termos classificativos, quer em valor demonstrado em campo (nem sempre a “dizer a letra com a careta”), sem esquecer, antes fazendo por recordar as mais vezes possíveis, o forte apoio vindo de fora, das bancadas. Quando assim acontece, resta esperar pelo que reserva ao Varzim daqui para a frente, atirando para trás das costas os dias grandes da Taça de Portugal, porque agora, a música é outra, de uma orquestra que se quer afinada, pois só há um caminho a rasgar o horizonte: rumar ao futuro com a subida de divisão a servir de estrela como guia. Não será pedir de mais à equipa e à família varzinista, pois logo que saibam intercalar as mãos da união convenientemente, não haverá obstáculos que possam derrubar as justas ambições. É que todos têm justificado que merecem essa união: desde a equipa que tem merecido cuidado especial no seu reforço, passando pela equipa técnica acabada de ser renovada com a passagem do jogador Ludovic a treinador-adjunto (por força do martírio físico que tem passado), sem esquecer o esforço diretivo e quem o lidera.

Haja confiança no futuro e teremos de novo a vibrar os corações varzinistas no seu Estádio, lá para meados de junho, com coreografias de arrepiar, como aconteceu no jogo com o Benfica e que podem servir de alicerce para o que mais desejam os Lobos do Mar – o regresso ao futebol profissional.