Numa fase de grande descredibilização dos partidos, da política e também dos políticos que vêm denotando ausência de saber estar e de dimensão ético/política ir-se-ão realizar as Diretas do PSD. Aliás, o partido tem estado longe, muito longe de quando o conheci bem, embora com o mandato de Rui Rio algo tenha melhorado. Encontra-se cinzento, descredibilizado, desacreditado, sem identidade, sem ideologia, com uma classe dirigente que por lá tem passado que muito se insinua, mas fraca, frouxa, incapaz e que nunca soube gerir o que lhe era cometido. É nesse “quadro”, que os sociais- democratas irão encontrar o Líder no próximo dia 11 de Janeiro. Estarão na “corrida” o atual Presidente Rui Rio, o antigo Líder Parlamentar Luís Montenegro e o Vice-Presidente da Câmara de Cascais Miguel Pinto Luz.
Rui Rio é um político de há muitos anos que tem uma forma de estar e fazer política que o PSD não estava habituado, com elevado sentido e espírito de missão, imbuído de alta responsabilidade, centrado em causas, sempre pondo o país e os portugueses acima do partido. Faz e fará uma oposição clara, construtiva, credível, pragmática, denunciando o que está mal, mas também concordando com o que está bem, mesmo que surja da “esquerda”. Rio é um verdadeiro social-democrata, longe das “engrenagens” politiqueiras. Pegou num PSD “minado”, arrasado, que quase bateu no fundo. A meio do mandato é confrontado por Luís Montenegro – que vinha duma pequena travessia no “deserto” – para antecipar as diretas a que o Presidente retorquiu com uma Moção de Confiança à sua Direção Política e que a venceu. Esse “assalto” falhado tinha como objetivo ser ele a liderar as candidaturas a deputados às últimas legislativas. Passado esse “golpe”, continuou permanentemente a ser alvo de truques, intrigas, chantagens, “agulhadas” de muitos dos seus detratores internos, que muito o têm prejudicado na sua ação e no seu trabalho de liderança do Partido. Quando impôs a forma e a tramitação de pagar as quotas sabe bem o que estava a fazer … Apesar das constantes criticas e flagelação, conseguiu recuperar alguma confiança para o Partido, bem patente no resultado que conseguiu nas legislativas, embora não bom, mas que superou muito as expectativas, o que é contabilizável. Rio deverá continuar com lucidez, retidão e coragem, que o têm caracterizado, a prosseguir- sem vacilar – os planos e projetos para o PSD e para Portugal e os Portugueses. Luís Montenegro é um dos rostos que ajudou a “afundar“ o PSD e parece que não se passou nada… Era um líder parlamentar com boa dicção mas fraco como debatia: não era inteligente, era trauliteiro, sem elegância, sem dimensão ético/politica, quase sempre com uma postura de simplesmente de bota-abaixo, que muito prejudicou o Partido. Aliás, do que se sabe, essa estratégia “cega”, de bloqueio, levá-lo-á, caso vença, ao regresso do mais do mesmo e assim ao PSD auto destruir-se. Será que os sociais querem ou precisam dum “coveiro” ou querem um Líder que o faça renascer como um Partido Humanista, Interclassista e Reformador? Pinto Luz não foi feliz na liderança da distrital de Lisboa, principalmente no período das autárquicas. É um bom “quadro” do PSD, não é politiqueiro, tem “visão” e pelo que defende tem alguma dimensão ético/política.
Portugal – apesar de ter melhorado – está numa encruzilhada. A Esquerda ajudou a corrigir alguns desequilíbrios, mas penso que os acordos deverão estar esgotados, terminados, pois pedem “impossibilidades” para o Portugal de hoje. Continuam a persistir desequilíbrios estruturais, que só serão ultrapassáveis no âmbito do PSD E PS imbuídos dum mesmo espírito reformador no interesse do País e dos Portugueses. Não tenho dúvidas que nessa estratégia o PSD muito ganhará, recuperando muito do seu antigo eleitorado pela confiança e credibilidade que trará, indo ao encontro dos valores e princípios que sempre encarnou e defendeu. Será um bom compromisso com o mundo real. Será um bom compromisso com Portugal e os Portugueses.
Assim, as eleições diretas do PSD serão muito importantes.
Mário Bettencourt Sardinha