Multiculturalismo, a premissa da evolução

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Os descobrimentos iniciados no século XV, foram determinantes para a expansão multicultural. Os navegadores partiram para o mundo desconhecido, tomando por esta via contacto com novas pessoas, produtos, climas e realidades. Vários países, como Portugal, foram invasores e conquistadores, vivenciaram a ocorrência de correntes migratórias, sentiram a presença de novas mestiçagens e o cruzamento de culturas, a partir das descobertas, da colonização e descolonização, e atualmente, vivem intensamente a globalização.

Destes acontecimentos resulta o multiculturalismo, que ainda é, atualmente, confundido com diferenças biológicas, tais como a raça. Devemos romper o equívoco da “raça” que tem vindo a ser delimitada pela cor de pele. A raça é não mais do que uma, a raça humana. Os Homens são diversos e não diferentes. É nessa diversidade que assenta o primor de se Ser Humano.

Se refletirmos sobre como seria uma sociedade ideal, pensamos em aspetos correspondentes aos desejos de qualquer cidadão. Traduz-se num estado de bem-estar, de segurança, de liberdade, respeito e aceitação. Não usei a expressão “sociedade utópica”, pois acredito que não seja inalcançável. A inserção da aceitação do pluralismo cultural, seja ele individual, estrutural ou institucional deve ser encarado como um desafio pelo qual todos somos responsáveis.

Desta forma, é importante ponderar o método que as sociedades desenvolvem para responder à pluralidade cultural e evitar conflitos e antagonismos entre comunidades culturais e políticas que compartilham uma determinada região.

Se os nossos antepassados e a presente globalização em que vivemos determinou o fim do isolamento das culturas, o que deve
ser cultivado, é o espírito de tolerância e dinâmicas que assentem na diversidade cultural. Aqui, os sistemas de educação e os meios de comunicação de massa vêm arcar com uma grande responsabilidade. O termo educar, sendo linguisticamente um verbo, requer uma ação. É na educação/escola que essa procura de valores sociais deve partir.

Oxalá um dia possamos fazer da educação multicultural numa plena educação intercultural, onde estará presente a interação de forma recíproca entre culturas, com base no respeito pela diversidade e no enriquecimento mútuo.

Ana Sofia Santos