Por um “verdadeiro” parque empresarial e incubadora na póvoa de varzim

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Ainda me lembro da altura em que o executivo da Póvoa de Varzim lançou o ninho de empresas, na altura o PS fazia algum ruído com o assunto dizendo que era importante criar emprego qualificado o que a par com atração de investimento podia permitir manter o nosso “talento” mais jovem e qualificado na nossa região.

Nessa altura o executivo camarário, pressionado pela discussão e com a consciência dessa falha, avançou com um ninho de empresas (pequenino e com pouca ambição) na Póvoa de Varzim.

Na altura foram levantadas questões sobre a importância de o ninho de empresas ter outra abrangência estar associada a um parque industrial que permitisse realmente criar start-ups capazes de a médio prazo se autonomizarem, ao mesmo tempo que se permitiria a instalação dessas empresas no parque industrial/empresarial da Póvoa de Varzim.

Mas talvez por falta de visão ou apenas falta de vontade preferiu avançar com o modelo que estabeleceu como sendo a sua preferência, modelo este que julgo não servir na íntegra aquilo que se pretende para atrair investimento, incubar empresas e criar sinergias entre empresas e centro de saber (leia-se Politécnicos ou Universidades).

Existem no país inúmeros exemplos que podemos usar como referência enquanto criadores efetivos de empresas e emprego qualificado, os quais poderiam ser usados como exemplo, um deles é o parque Regia Douro que conheço com detalhe pois sou membro da sua direção.

O Regia Douro Park é uma parceria entre o Município de Vila Real, a Universidade de Trás os Montes e Alto Douro e a Portuspark , e assume-se como uma mais valia para a região em que está inserido apostando fortemente nas valências pelas quais a região quer ser reconhecida e criar riqueza com suporte de uma universidade nesses campos em particular nas áreas do ambiente , enologia, turismo, agroalimentar ou seja investindo fortemente na Economia Verde e nos ex-libris da região que são o turismo e o vinho. Atualmente conta com números que falam por si e que são um volume de negócios de mais de 58 Milhões de euros, 82 entidades e mais de 470 pessoas envolvidas nas empresas e projetos.

Ao mesmo tempo conta com múltiplas valências de suporte aos empreendedores e empresas que pretendam iniciar projetos empresariais permitindo inclusive a instalação dessas mesmas empresas em lotes industriais. Ao mesmo tempo a proximidade com a universidade permite às empresas (tanto as que estão na incubadora como as que se instalam nos lotes) uma transferência de conhecimento e suporte na investigação que é o fator chave para a diferenciação e a vantagem competitiva das empresas de futuro.

Era um exemplo como este que eu gostaria de ver na Póvoa de Varzim, um ninho de empresas (ou incubadora aceleradora) conforme prefiram chamar, associada a um dos parques empresariais e com suporte de uma instituição de ensino superior de forma a termos sinergias entre os vários tipos de empresas que estariam próximas e criar riqueza, emprego qualificado e quem sabe um dia uma empresa tecnológica de referência nascida na Póvoa de Varzim.

Vivemos num contexto de carência de “talento”, as empresas estabelecem cada vez mais estratégias de captação e atração de quadros qualificados mais elaboradas para continuarem a ser competitivas. A par com isto a distância física num mundo digitalizado é cada vez menos importante para justificarmos a nossa falta de atratividade de projetos empresariais importantes, pois em muitos casos podemos trabalhar para uma empresa nos Estados Unidos estando situados numa qualquer outra região do mundo, bastando para isso ter as qualificações e as infraestruturas digitais necessárias.

O que atrás referi acentua a necessidade de criarmos um projeto de integrado (ninho de empresas /parque empresarial) capaz de criar empresas tecnológicas (e também em setores clássicos como por exemplo a economia do mar) capazes de competir num ambiente global e mantendo assim os nossos jovens mais qualificados a trabalhar na nossa região ao mesmo tempo que se desenvolvem profissionalmente.

É um apelo que lanço ao Executivo Camarário para que torne esta visão uma realidade, aliás este ponto já fazia parte do plano estratégico para a Póvoa que foi apresentado pelo Presidente da Câmara há um par de anos atrás (no qual tive o prazer de participar em conjunto com o André Tavares Moreira e o Edgar Torrão).