Professores… ou vingadores?

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José Andrade

O que se pode dizer, responder, a uma criança, a um aluno, que sendo um dos melhores da sua Escola, só porque, terminado o ano, vai mudar de estabelecimento, e os seus ‘mestres’, não só não o convidaram para a festa de final de ano, como na carta em que remeteram para casa o diploma de ‘um dos melhores’, nessa carta, dentro, esteja apenas, só, o diploma. Assim, sem mais, sem uma única palavra. Aconteceu na Póvoa de Varzim… mas possivelmente também acontece em outros lugares.

Sou dos defendem, que não compete à escola, aos professores, a educação. A Educação compete aos pais. À escola, aos professores, compete ensinar, abrir o espírito e mente, fomentar o gosto por diferentes áreas, e saberes, estimular a vida e a vivência social.

A Educação é um dos deveres e obrigações dos pais. Aos professores compete ensinar.

Mas, se sei separar as águas, também sou dos que defendem que o exemplo tem de vir de cima, dos mais velhos, daqueles a quem confiamos os nossos filhos. Exigir isso aos professores, aos que lidam com crianças, com os mais vulneráveis, mais que um direito, é uma obrigação e exigência.

Com o aproximar da abertura de mais um novo ano escolar, tão fatal como o destino, surgem as ‘noticias’, os ‘casos’ e os ‘acasos’, modo como os diferentes agentes pretendem ‘contribuir’ para a salada russa, ou salgalhada, em que por acção ou omissão, nos últimos quarenta anos, muito solidária e empenhadamente, todos generosamente contribuíram com o seu ingrediente. Aos pais dos alunos, por graça ou desgraça, neste já longo compêndio de asneiras, a esses, o papel que está reservado, é o condimento completivo.  Até parece que as Escolas só existem, para que uns senhores possam brincar ao ensino, e  nessa brincadeira, os alunos, são o acessório indispensável. Existem excepções? Claro!

Ainda me recordo, porque isso me marcou, como homem, como Pai, como cidadão, quando membro de uma Associação de Pais de uma escola aqui na Póvoa de Varzim, ao confrontar numa reunião, de forma educada e cordata a senhora – que Deus lhe dê o eterno descanso – presidente da Escola que minha filha frequentava, sobre uma impensável vala existente entre as salas de aulas e o ginásio, que a ausência de iluminação, fazia aumentava como ratoeira a alunos e pais que ali os tinham de passar, e ainda sobre o porquê de não se prolongar o telheiro, de modo a evitar que os alunos não fossem obrigados se molhassem, quer no acesso entre salas, quer nos intervalos, recebi como resposta pronta: – ‘não vejo onde está o problema! Com tantas centenas que já por cá passaram, os casos que aconteceram, já a vala lá estava’.

Escusado será dizer o que senti. Mas é necessário que agora também diga como reagi. Pedi desculpa pelo incomodo, e passados uns dias, deixei a função. A minha filha lá continuou por mais uns anos, e eu, por lá continuei a ver a vala, a falta de luz, o ginásio sem água quente, e o ‘folclore das queixas’, nos momentos políticos oportunos, ‘sobre a condição dos professores’. Mas, se vi e vivi isto, não esperava ver, tomar conhecimento que, passados já uns bons anos, na mesma Escola, os responsáveis actuais, porque as melhores alunas, entenderam pedir transferência, não só não foram convidadas para a festa de final de ano.  O diploma que atesta a sua capacidade e interesse, chegou por na carta.