Natal sem palmeiras…

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Aproxima-se o Natal, a todo o vapor! Uma época de comunhão, de família, de luzes e de reencontros. A quadra natalícia é belíssima, quando sincera, verdadeira e vivida em pleno. Sendo que o natal deveria ser todos os dias. A vida passa muito depressa e com os compromissos profissionais e pessoais, adiamos demasiadas vezes, aquelas coisas chamadas de sonhos (que nos chamam incessantemente) ou aquele abraço, ou aquele sorriso e num repente, tudo muda, num repente, tudo acaba! Deixemos de parte: “não sei se tenho tempo” para “tenho que ter tempo”, nem que seja por cinco minutos, para estar verdadeiramente com amigos, familiares e pessoas que queremos bem.

Por todo o lado, já se vêm presépios e pinheiros ricamente adornados, sendo as luzes multicolores o que mais nos chama a atenção. Mesmo que os sentimentos estejam à flor da pele ao lembrarmo-nos dos nossos entes queridos que já partiram, as luzes têm o dom de nos distrair e de nos iluminar o olhar da alma. Será no entanto, um natal diferente, será um natal sem palmeiras. A razia que se abateu no nosso país, perpetrada pelo malfeitor escaravelho vermelho (rhynchophorus ferrugineus) destruiu por completo dezenas de palmeiras, também no nosso concelho. Mesmo que as palmeiras não fossem autóctones, verdade é que há muito faziam parte do meu e do nosso imaginário e tornaram-se presença habitual, nos jardins públicos e em casas privadas. Durante anos existiu a palmeira na casa dos meus pais. Tenho fotografias de meninice em que me encontro ao lado da imponente e bela palmeira.

O meu primeiro conto infantil, baseava-se na flora, ao redor do tronco da palmeira. Tantas histórias, tantas lembranças e de um dia para o outro, sobrou apenas um toco e nada mais. Fiquei com uma sensação de vazio. Falta uma peça. Agora penso até lhe podia ter posto luzes de natal, até lhe podia ter tirado mais fotografias, até podia, mas já não posso. Não o fiz nem nunca mais o vou fazer. Achei que tinha tempo, mas o tempo corre veloz. O mesmo digo, da mais do que, centenária palmeira, que ladeava a Igreja Paroquial de Argivai. As dezenas de vezes, que antes da catequese brincávamos junto aquela árvore imponente, saber até, que lá existia um “geocache”. A palmeira, que tanto viu, que tanto presenciou, lá estava, sempre alta, imensa, incrivelmente verde e repleta de pássaros, em coros uníssonos ao final da tarde e agora? o vazio. Mais uma vez falta uma peça. Quando nada podemos fazer, apercebemo-nos do quanto podíamos ter feito. Será um natal sem palmeiras mas será um Natal em que podemos aproveitar ao máximo, as pessoas que nos querem bem e que nada fique por dizer.

Um Santo e Feliz Natal!