Nariz no ar… e pés na terra

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Tanta luta motivou a denominada Lixeira de Laúndos, com os seus habitantes (e vizinhos) a sofrerem nos narizes as tão desagradáveis pestilências, para depois de cantarem vitória com a ajuda da Lipor, de transformarem o aterro em parque de lazer e de pequeno campo de aviação, aparecer nova luta a motivar levantamento popular. Tudo porque depois dos cheiros dos lixos domésticos apareceu uma empresa com muito poder envolvida na reciclagem de resíduos sólidos, entre eles embalagens. Essa empresa não precisou de descobrir terrenos para o seu “negócio” muito longe da antiga lixeira de Laúndos. Bastou meia dúzia de passos a caminho da freguesia vizinha de Paradela, entre o fim do concelho poveiro e o princípio do barcelense, para que fossem montadas armas e bagagens que, de início, eram consideradas pelos seus autores para melhorar a qualidade dos serviços prestados às áreas abrangentes dos municípios envolvidos na dádiva que lhes era posta aos olhos. Afinal, pelos vistos, o que queriam fazer passar por um doce saboroso, tornou-se em presente envenenado. Tanto que obrigou a constantes manifestações de desagrado que chegaram até aos poderes autárquicos. A Póvoa de Varzim tomou a seu cargo uma missão de braço de ferro prometendo chegar ao poder da justiça para que os cheiretes deixassem de apoquentar os narizes dos seus habitantes. E foi de tal forma rolando a bola de neve nos protestos (principalmente por parte de quem lutou para se ver livre dos maus cheiros de Laúndos) que a luta abrangeu os concelhos vizinhos também “vítimas” do que de desagradável transporta para os ares os “perfumes” causados pela mais do que variada gama de artigos ali expostos para reciclar. O que era prometido para “melhorar a qualidade de vida dos serviços prestados a bem dos cidadãos”, acabou por se tornar em “veneno ambiental”. Daí que o povo procure sair para a rua, seguindo as pisadas de outras formas de luta que se tornaram tão em voga após implantada a chamada liberdade de pensar e agir, e esteja marcada para o próximo sábado, logo pela manhã cedo, uma manifestação popular junto à sede da Resulima, em Paradela, para exigir a solução necessária, de forma que a paz olfativa volte aos narizes dos atuais visados pelos maus cheiros. Está prometida pelos “cabecilhas” desse movimento popular, que se procure “uma manifestação cívica e pacífica de protesto”, que não fira tanto como os motivos que a originam, mesmo considerando que os habitantes de várias localidades vizinhas estão a ser gravemente prejudicados, exigindo que a unidade em causa funcione sem prejudicar o ambiente e a qualidade de vida dos cidadãos.

É que esses cidadãos que agora se unem na luta pelos seus “ideais respiratórios” fazem parte de um trio de concelhos interligados, com a Póvoa de Varzim em plano de destaque nas suas representações que englobam cinco freguesias – Laúndos, a eterna sacrificada, Rates, que em tempos idos tanto lutou para transformar a lixeira do Limarinho num aprazível espaço para a prática desportiva, Aguçadoura, Navais e Estela que mesmo mais escondidas para o litoral, os seus moradores também são atingidos com os mal cheirosos ventos nas ventas. Barcelos estará representado, nessa manifestação, pelas populações de Barqueiros, Paradela, Vila Seca e Cristelo, tocando também como vítimas as gentes de Apúlia e Fão, do concelho de Esposende. Sempre com a força do poder autárquico envolvida no fortalecimento popular… o que nem sempre tem servido de estandarte.

Vamos lá ver o que vai dar esta prometida “manifestação cívica e pacífica”, marcada para o sábado que está aí à porta. Para já, há que levar a coisa a bem… para bem de todos. A prometida subida aos degraus da justiça pode ficar, no entanto, de pé, servindo até de suporte para que a encarniçada luta do município poveiro se mantenha viva e bem viva, não caindo no esquecimento, mas, como diria o outro, sempre com os pés bem assentes no chão, para não haver desequilíbrios.

Por falar em desequilíbrios tão badalados, ultimamente, na linguagem futeboleira: há que dar os parabéns à equipa varzinista que foi até às serranas terras de Barroso, não para se abastecer de produtos comensais bem especializados nesta altura do ano, mas sim para juntar três pontos ao seu bornal de reservas de forma a que, por um lado, faça esquecer os anteriores maus resultados, e, por outro, ganhe mais “recheio de sustento” para encarar com força o que a espera algum tempo depois de passar o período carnavalesco, onde os fumeiros são o prato forte… e as folias populares também. O melhor caminho, é lembrar os três pontos colhidos em Montalegre para, em seu redor, fazer aumentar a esperança de um final de época agradável para a Família dos Lobos do Mar.