Centenas de peregrinos a caminho de Fátima (fotos)

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Na passada semana, centenas de peregrinos partiram de Vila do Conde e Póvoa de Varzim rumo a Fátima.
Isabel Dias Marafona, guia do grupo “Caminhar com Fé”, poveira e residente em Vila do Conde, tem hoje 51 anos, e contou que começou a caminhar para Fátima aos 16 anos e a partir daí reúne o seu grupo para chegar ao “Altar do Mundo”.

“O primeiro ano fui no grupo da tia Clarisse e da tia rosa. Depois no ano seguinte casei e fiquei grávida e já não fui. Depois a minha mãe em 86 formou um grupo dela. A seguir a minha mãe foi operada aos joelhos, meteu próteses e a partir daí passou o encargo de guia para mim. E eu ao longo dos anos fui mudando algumas coisas”, contou. O grupo, que é constituído por 29 elementos, 26 vila-condenses e 3 poveiros, partiu no passado dia 4 de março às 4h, de Vila do Conde.

Isabel Marafona acredita que os pontos fundamentais para o sucesso do grupo são a fé, o espírito de peregrino e, o mais importante, o espírito de entreajuda. “Nós somos um grupo de peregrinos porque nós cozinhamos, lavamos louça, carregamos e descarregamos camiões. Somos um grupo de peregrinos e tudo isso ajuda não é? Ajuda a ser uma viagem com um bocadinho de mais sacrifício”, acrescentou.

Todos os anos Isabel e outros grupos organizam esta viagem. Tudo deve ser preparado até ao mais pequeno pormenor. No início de abril a guia do grupo “Caminhar com fé” começou a reunir o seu grupo e a partir daí o seu trabalho na preparação da caminhada começou.

A viagem tem a duração de uma semana e a chegada a Fátima está prevista para esta quinta-feira, dia 10. Os dias são preenchidos e cansativos com 10 horas de caminhada. Todos os dias acordam por volta das 4h, arrumam tudo e tomam o pequeno-almoço que Isabel prepara.

Voltam ao seu percurso às 5h da manhã e às 7h30 param em cafés para lanchar. Às 11h30 param para o almoço e voltam a andar das 14h até às 18h. Firma Milhazes, condutora da carrinha de apoio do grupo, prepara o almoço.

“Às vezes quando vai uma pessoa mais aleijada claro que atrasa sempre mais um bocadinho. Se levar alguém que vai um bocadinho mais arrastado, a pessoa que fica a acompanhar aquela pessoa, que geralmente sou eu que sou a guia do grupo e sou sempre a última, às vezes chego um bocadinho mais tarde com aquela pessoa que vai um bocadinho mais devagar”, disse Isabel.

Locais de paragem habituais
As dormidas são já por tradição realizadas nos mesmos locais. No primeiro dia dormem em Carvalhos, no segundo dia em Branca, o terceiro dia a dormida é na Mealhada, no quarto dia em Serenache e no quinto dia na Venda-Nova. Finalmente no sexto dia chegam ao destino, Fátima e por lá dormem o resto das noites.

Isabel afirma que não pode haver medo nesta viagem, mas sim “pontos de saída” como a fé, o espírito de peregrino e a entreajuda e um foco. “E qual é o nosso foco? Fátima! Altar do Mundo! A partir daí todas as dificuldades que nos aparecer nós não temos que ter medo. Temos que ter um foco. E o meu foco contra tudo e contra todos é chegar a Fátima” exclamou Isabel.

“Claro que há limites, atenção. Se realmente temos um problema grave. Alto! Vamos parar aqui e para o ano continuaremos daqui. Porque às vezes podemos ter um problema grave e não puder continuar”, rematou.